terça-feira, 20 de setembro de 2016

Azul que também quero verde!

Azul que também quero verde!

Nada discreta, esta ave nos deixa boquiabertos as poucas vezes que resolve aparecer no jardim. O macho, de azul intenso, face e garganta pretas e ventre branco, sabe como ser imponente, apesar de tímido. Não permite que cheguemos perto para tirar fotos. Ainda por cima há o fato de que nem sempre estamos com a máquina fotográfica pronta no momento em que ele sorrateiramente aparece.

Nesta espécie, o dimorfismo sexual (a diferença entre o macho e a fêmea) é bastante acentuado e espero que as mulheres não se sintam ofendidas, mas a fêmea não chega aos pés do macho, apesar de ser (discretamente) charmosa. Confesso que sua cor verde tem efeito relaxante sobre mim. 

De bico curto, boca grande e larga, esta ave alimenta-se de frutos e insetos que costuma apanhar no ar. Um fruto de caroço muito grande tem a sua polpa retirada no esôfago e o caroço é regurgitado e dispersado no solo.  Mais uma espécie para nos ajudar na preservação de ricos frutos!     

Como costuma escavar barrancos para a nidificação, é compreensível que não tenhamos verificado ninhos desta espécie em nossa propriedade. E, apesar das aves desta espécie terem o costume de se agruparem em sociedade relativamente estruturada, nossos registros são de indivíduos isolados e casais.  

Sem dúvida uma ave que merece nossa atenção. Quando sobrar um tempinho, pode dar uma pesquisada na Internet. Vale a pena, você vai encontrar filmes e fotos lindas. Meu marido Árpád, responsável por grande parte da cobertura fotográfica dos artigos que escrevo, já fez alguns registros, mas apenas dois têm o mínimo de qualidade para acompanhar este artigo, ressaltando que a fêmea foi fotografada em 2015 e o macho há aprox. 1 mês, quando fez uso de uma de nossas “banheiras” para aves, localizada no solo. Podemos dizer que confiou no pedaço”, pois bebeu água e chegou a banhar-se.  

Há cerca de uma semana meus olhos (e infelizmente apenas meus olhos) tiveram o prazer de registrar um momento singular. O  macho e a fêmea usaram juntos uma de nossas “banheiras”. Quem sabe consigo uma foto num outro dia! Tenho de ficar esperta nas primeiras horas da manhã e antes do anoitecer.     

Empolgada em compartilhar os raros momentos vivenciados ao lado de tão belo exemplar de nossa fauna, quase esqueço de deixar registrado o nome de tanta formosura. Cientificamente conhecida como tersina viridis, esta ave de aprox. 14 cm de comprimento pesa, em média, 30 gramas e leva nomes populares como saí-andorinha, saíra-andorinha, sanhaço-do-barranco, sairão, entre outros.

Lembremos que o tráfico de aves silvestres é crime. O projeto Canto sem Fronteira, de cunho particular, desenvolvido na região de Cunha, continua firme e forte desde 2012, percorrendo escolas da região e esclarecendo crianças e adolescentes.

Confio na sorte e sei que poderei admirar muitos exemplares do saí-andorinha nas nespereiras de casa, carregadas de frutos. Salve o azul que também quero verde!

Renate Esslinger


 

2 comentários:

  1. Renate e Árpád, parabéns por mais este lindo trabalho.
    Vocês são "demais"...
    Abraços,
    Adenil

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Simplicidade na atitude e grande vontade de contribuir. Abraço amigo! Gratidão pelo apoio.

      Excluir