segunda-feira, 16 de maio de 2016

ASA BRANCA

Asa-branca

1 de abril de 2015
 Com aprox. 35 cm, uma ave de  muitos nomes. Quando saio munida de fotos e filme para conversar com as crianças das escolas urbanas e rurais da região de Cunha sobre a necessidade de proteger as aves silvestres, regularmente sou surpreendida com a palavra „legiti”. Com discreto riso nos lábios faço a correção e solicito que a palavra „legítima” seja repetida.
Legítima, pomba-verdadeira, pomba-carijó, asa-branca, a maior espécie de pombo do Brasil, de natureza migratória, consagrada na voz de Luiz Gonzaga. Sua principal característica é a faixa branca na parte superior das asas, visível durante o voo.
Com população em crescimento, seu estado de preservação é pouco preocupante e sua presença é constante no jardim de casa, onde não canso de admirar seu andar quando vasculha a área à procura de quirera e milho que jogamos para nossas garnisés. Não são raras as vezes que o jardim parece um ringue, onde há espaço para apenas um vencedor. Para não ser injusta, torço às vezes para a asa-branca e às vezes para um membro da crescente família de garnisés.
Asa Branca Asa Branca
Nunca fui realmente a favor de pombas ao redor de minha pessoa, nem mesmo em praças públicas. Contudo, a convivência direta com a asa-branca, a rolinha e a juriti possibilitou entender que estas espécies possuem comportamento diferente do pombo-doméstico, considerado uma espécie exótica, invasora do Brasil e um grave problema ambiental, entre outros por competir por alimento com as espécies nativas.
Ao compreender que a asa-branca não faria do telhado da casa sua „pousada”, fiquei mais tranquila. Fascinante considero sua beleza bastante discreta, apesar de um anel avermelhado e chamativo ao redor de seus olhos.
Sempre que posso observo cuidadosamente o movimento das asas-brancas no jardim. Quem fica de ouvido ligado sabe quando uma delas está por perto. Afinal de contas, elas arrulham. No entanto, sou obrigada a confessar (bem baixinho) que não me recordo de ter comparecido à aula em que ensinaram o verbo arrulhar ou o substantivo arullho. Graças ao meu grande amigo, pai dos burros, que eu ainda preferiria com hífen, consegui encontrar o termo correto. Vivendo e aprendendo, na torcida para que a asa-branca, com hífen e tudo, não resolva bater asas.
 Texto: Renate Esslinger
Foto:Árpád Cserép

Um comentário para “Asa-branca”

  1. Tatiane Diz:
    Adorei! Texto lindo e muito lúdico. Prazer em ler e conhecer um pouco mais sobre a nossa maravilhosa fauna
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