segunda-feira, 30 de maio de 2016

Canto sem fronteira, por Renate Esslinger

7 de agosto de 2012

Imagine-se na pele de uma ave silvestre.  A dádiva divina de voar, cantarolar firme e forte, de galho em galho…
Bebericar à margem dos córregos ou nas poças generosas semeadas, pela chuva, nos espaços mais claros da floresta. Banhar suas penas coloridas e sacudir-se, na contraluz das frestas das árvores, sob o magnífico Sol.
A cada rasante de seu voo, um inseto ou uma migalha de alimento são colhidos, muitas vezes para entrega aos seus rebentos, ainda com cheiro de casca de ovo nas penugens tenras…
Ao clarear de manhã nova, sua robustez se agiganta em suaves sombras contra o verde bandeira das folhas e o suave tom dos troncos e caules, até esvair-se no solo atapetado de folhas e flores a emoldurar a relva do chão fértil.
Em sua livre trajetória pelo maravilhoso paraíso lhe destinado pela mãe Natureza, você não respeita, e nem poderia respeitar, fronteiras. Simplesmente pelo fato de estar e ser livre, imprescindível direito das criaturas paridas ao mundo pela inesgotável generosidade do Criador.
Sua voz, denominada canto, por conta das maviosas notas de impecável sonoridade, seduz o mais descuidado passeador humano que ouse invadir os domínios dos seres extremamente livres. Entretanto, não conheces da ambição humana, capaz de ver em suas cores e sons, uma forma de obter ganhos financeiros.
Aquela supostamente inofensiva artesanal caixinha, em formato de pirâmide, deixada pelas mãos do ser humano, lhe desperta a atenção pelo tanto pouco de migalhas comestíveis depositadas sob ela, a qual se acha erguida do solo por um pedacinho qualquer de graveto.
Ah, doce avezinha canora, veloz, colorida e inocente!
Você está prestes a cair numa arapuca, o instrumento inicial de fazer dinheiro de um bando de poucos esclarecidos humanos, interessados em atender à demanda gerada pelos donos do dinheiro e senhores das classes abastadas…
Um descuido curioso basta…
Zás! Seu canto vira trinado de desespero, suas asas se batem aflitas, até quando o cansaço lhe abater por terra, nos seus últimos instantes de viver na floresta.
Condenado, sem culpa, você, avezinha surpreendida, vai viajar alguns muitos quilômetros a bordo de suspeitas caixas dotadas de pouca luz, quase nenhuma ventilação, até terminar em um lindo espaço com três ou quatro “puleirinhos”, um pedaço de qualquer tipo de comida, mínima tigelinha d’água.
Daí, seu lindo canto vai demonstrar a saudade da liberdade, enquanto suas cores, formas e tamanho servirem de encanto para crianças e adultos não sabedores de suas dores, de seu sufoco. Sua única grande chance seria poder estourar com as grades da gaiola, ou do viveiro, e se bandear rumo à liberdade natural e plena. Ou, numa triste outra saída, deixar-se esvair em tristeza e dor, definhando aos poucos, em nome de seu direito usurpado de ser feliz, livre, leve e solto…
Mas, você não é ave ou pássaro. Por isso, lhe convido para saber um pouco mais sobre os direitos de liberdade das aves silvestres, assistindo a esse breve pronunciamento de Renate Esslinger que, com seu marido Árpád Cserép, desenvolve uma campanha de âmbito nacional, em iniciativa particular, na agradável cidade de Cunha.
Acredito que você, depois, vai entender mais sobre Canto sem Fronteira e poderá promover, com as asas da esperança em dias melhores para a Mãe Natureza e para nós, a multiplicação dessa ideia de manter vida livre para as criaturinhas que têm o dom de voar e que não foram feitas para o cativeiro.
Clique aqui para ver o pronunciamento feito para o Canal 39 e o vídeo produzido por Renate e Árpád: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=a8tovtd3nsM
(Texto: Marcos Ivan, Canal 39 / Foto da capa: Árpád Cserép)
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