29 de maio de 2013
Ton sur ton
Hirundinea ferruginea. A designação da ave em latim é transparente e o leitor já deve ter matado a charada quanto à cor deste exemplar.
A inventividade do brasileiro não permite fazer uso da tradução do termo latino (andorinha enferrujada) e é responsável por diversas denominações na língua portuguesa. A escolha fica por conta do “freguês”: gibão-de-coiro, gibão-de-couro, casaca-de-coiro, casaca-de-couro, bem-te-vi-de-gamela, bilro, joão-pires e maria-rapé. Como prefiro honrar a beleza da ave, não costumo usar as designações que apresentam a palavra “coiro”. Em nosso país, trata-se, entre outros, de um sinônimo de “couro”, mas em certas regiões de Portugal, refere-se a um indivíduo de má qualidade, cruel, não confiável. Nada disso. Fico com a magnitude e a força de gibão-de-couro.
Sua designação em inglês, cliff flycatcher, também é bastante transparente, referindo-se à estreita associação da ave com escarpas e paredões rochosos. No entanto, o gibão-de-couro também é encontrado nas cidades, onde se vale, por exemplo, dos parapeitos de prédios.
Sua alimentação consiste de insetos que caça no ar por meio de manobras rápidas e acrobáticas. Confesso que sua agilidade me impressionou e convenceu.
Quem costuma acompanhar meus artigos em “Câmera ao alvo!” certamente percebe uma diferença relevante entre os artigos anteriores e este. Desta vez fico devendo ao leitor informações sobre minha experiência mais direta com a ave, bem como comentários sobre as peripécias de Árpád e sua câmera, visto que encontramos o gibão-de-couro fora de nossa “base”, durante uma de nossas visitas ao Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Cunha. Um lugar de inúmeras belezas, o qual costumamos varrer, com olhos e lentes, na certeza de que muito há para registrar. Acertamos em cheio.
Ao vasculhar nossos arquivos, decidi que não seria justo deixar de trazer o gibão-de-couro em vestimenta ton sur ton para o Canal39 apenas porque ele não frequenta nosso jardim. Afinal, são aprox. 17 cm de beleza singular e como a espécie não apresenta dimorfismo sexual, deixo por sua conta a eventual identificação do sexo da ave fotografada, desejando-lhe, desde já, boa sorte.
Caso sua curiosidade tenha sido aguçada e você queira conhecer o parque que mencionei, basta acessar http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-cunha/ para obter as primeiras informações, fazer a mala e aparecer em Cunha. Quem sabe você se anima e traz a sua câmera para registrar nossas belezas!
Texto: Renate Esslinger / Foto: Árpád Cserép – Cunha, SP
COMENTÁRIOS NA POSTAGEM ORIGINAL
3 de junho de 2013 às 13:33
5 de junho de 2013 às 16:18
5 de junho de 2013 às 21:01
6 de junho de 2013 às 21:49