terça-feira, 14 de junho de 2016

O TIÊ PRETO

por Renate Esslinger
Observar, clicar e pesquisar. E pesquisar não é tão simples.
Um pássaro de plumagem negra e muito belo costumava pousar na nespereira carregada de frutos. Poucas vezes se atrevia a chegar mais perto, pousando na buganvília da varanda, aquela frequentada por tantas outras aves menos tímidas.
A identificação foi rápida, não resta dúvida. O penacho vermelho escondido sob o “boné” facilitou tudo e "catalogado" o pássaro foi. Tiê-preto, simples assim. Tachyphonus coronatus, complicado assim.
(Foto: Árpád Scerép)
Aproximadamente um ano mais tarde, uma linda ave de plumagem marrom e cauda avermelhada  passou a frequentar o jardim. Algumas fotos foram feitas e começamos a pesquisa para descobrir seu nome. Nada feito. Tivemos de recorrer a um ornitólogo por e-mail para descobrir que se tratava da fêmea do tiê-preto. Ou seja, o dimorfismo sexual é (mais do que) nítido neste caso.
Nada mais importa agora. Mistério resolvido, macho e fêmea alegram nosso jardim. Um casal realmente charmoso, ambos medindo aprox. 18 cm, ele exibindo a mancha vermelha da cabeça e as penas brancas no interior das asas quando excitado.
No cardápio desta ave, além de nossas deliciosas nêsperas, qualquer outro fruto saboroso, sementes, flores e insetos capturados durante o vôo.
No Brasil, o tiê-preto pode ser encontrado nos estados da região sul, sudeste e centro-oeste. Também é encontrado no Paraguai e na Argentina.
Consta que esta espécie raramente desce ao solo, mas ultimamente o macho tem pousado com certa frequência em nosso gramado e ambos fazem constante uso das “banheiras” improvisadas, não necessariamente para um banho relaxante, mas para tomar um gole de água fresca.
Enquanto escrevo estas linhas, um casal de tiê-preto alimenta seus filhotes em nosso jardim e mais uma vez tudo se enche de graça.
Felizmente, o tiê-preto não é uma espécie ameaçada de extinção, mas infelizmente ele é bastante perseguido por traficantes de animais silvestres para o comércio ilegal, razão pela qual seguirei com a campanha "Canto sem Fronteira"

Em 2012, em 4 meses,  levei a campanha a diversas escolas públicas da zona urbana e rural de Cunha. Entre alunos de 4 a 16 anos, adultos do EJA e docentes, quase 1.000 pessoas participaram de ricos debates sobre o tráfico de aves silvestres e foram encantadas por belíssimas imagens de aves livres.
Em mim pousa a certeza de que cada debate promovido ficará armazenado na lembrança de todos, por muito tempo. Frutos haveremos de colher!
Feliz Natal! Saúde, prosperidade, paz e harmoniosos cantos de aves livres em 2013!
por Renate Esslinger
Fotos: Árpád Scerép

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