sábado, 11 de junho de 2016

SALVE A PRIMAVERA! (RENATE ESSLINGER)

Salve!
Nesta época do ano a natureza guarda em si contagiante inquietude. Sol e chuva revelam-se mágicos.
No gramado que ainda há pouco estava sem vida surgem cogumelos ingenuamente brancos, um espetáculo para o deleite daqueles que compreendem a importância de observar. As ervas daninhas também enchem os pulmões e começam a pipocar por todos os lados. Embora pouco estimulantes, elas podem até desempenhar papel importante, diminuindo, por exemplo, a erosão do solo. Cautela ao mexer com elas!
1salveA rosa branca exala seu perfume. Pululam as margaridas-de-cabo e gazânias. A cor laranja predomina no canteiro central. É a marianinha em flor. O tapete lilás fica por conta da charmosa íris. Resplandece em outro canto a moreia e o agapanto arrisca alguns botões. Os vasos de flor-batom enchem o espaço de graça e atraem diversos tipos de beija-flores e o extrovertido cambacica. As buganvílias completam o balé das cores. O pé de uvaia, o abacateiro e a mangueira estão carregados de pequenos frutos. A grumixama exibe, despreocupada, suas flores.
2 salveA fauna respira vida. Os lagartos saíram da hibernação e transitam esfaimados por todos os lados para infelicidade das garnisés. Enquanto uma série de borboletas voa graciosamente pelo jardim, pousando sobre tantos cheiros, um número razoável de lagartas movimenta-se vagarosamente pelas paredes da casa. Quando anoitece e resolvo sair no jardim, é possível eu soltar um grito assustado e o gambá subir, intimidado, na velha e pequena buganvília da varanda, permanecendo inerte, presa fácil para a câmara fotográfica.
Nesta época o tráfego aéreo é intenso, a diversidade de cantos chega a espantar, os rituais de acasalamento são imperdíveis e os ninhos variam em formato e tamanho, podendo ser colados, costurados, esculpidos, tecidos ou escavados. No mundo das aves não falta imaginação.
3 salveAlma feliz a minha que pode contemplar a corruíra que regressa pelo terceiro ano consecutivo para o mesmo suporte de mangueira, de madeira já podre, para a postura dos ovos, incubação e cuidado com os filhotes.
O gorjeio não nega. É o sabiá-laranjeira. Um casal fez seu ninho numa árvore que dizem ser originária do México, outro preferiu uma frondosa mangueira. Ambos os casais fizeram uma excelente escolha e poderei acompanhar tudinho bem de perto.
4 salveTem mais. Faz aprox. 3 semanas que o andorinhão-do-temporal retornou à chaminé de nossa lareira. Verdade, bem verdadeira. Curiosos como somos, em breve saberemos quantos são. Certo é que gostaram do alojamento que os acolheu de novembro de 2013 a abril de 2014 e as coordenadas foram anotadas corretamente, pois a aterrissagem foi perfeita. Imagino que tenha ocorrido enorme bochicho no ar durante o período de migração e eles ficaram sabendo do artigo publicado nesta coluna, com a singela frase final “até a volta, amigos!” Entenderam perfeitamente o recado. (http://canal39.com.br/ate-a-volta-amigos/).
5 salveO famoso joão-de-barro não poupa esforços e o canto rítmico do casal pode ser ouvido várias vezes durante o dia. Estou por descobrir o ninho.
Seja como for, num único artigo não cabe o vasto mundo da estação temperada e amena entre o inverno e o verão. O jeito é respirar saúde e viver profundamente. Salve a primavera!
(TEXTO: Renate Esslinger / FOTOS: Renate Esslinger e Árpád Cserép)
Nota da Redação:
Renate Esslinger e Árpád Cserép são dois incríveis pesquisadores autodidatas os quais, em sua querida Cunha, dedicam parte de seu tempo em viagens pela inesgotável plano da Natureza. Munidos de particular sensibilidade e instrumentalizados com suas câmeras e lentes, capturam imagens normalmente imperceptíveis às pessoas envolvidas com a velocidade do cotidiano, ainda mais quando a tecnologia prende muitos olhares nas telinhas digitais dos smartphones e similares.
Vale, sempre, apareciar textos e fotos de incomparável sensibilidade.
O Cana39 se orgulha de poder contar com tão preciosa colaboração.
Marcos Ivan
Diretor.

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